Paulo Motoryn
Publicada em 24/05/2012 às 22:20
Santos (SP)
Emoção, expulsão, tensão e pênaltis. Com todos os
ingredientes de um jogo de Copa Libertadores, nesta quinta-feira, o
Santos venceu o Vélez Sarsfield (ARG) por 4 a 2 nas penalidades, após
vitória no tempo normal por 1 a 0, e garantiu uma vaga na semifinal da
competição continental.
Nem o status de atual campeão ou o talento
de Neymar, no entanto, garantiram uma noite tranquila na Vila Belmiro.
Lotado, com mais de 13 mil pagantes, o estádio assistiu a mais uma das
emocionantes partidas desta semana e, felizmente para os presentes,
alimentou ainda mais o sonho do tetra do Peixe.
Santos vence o Velez (ARG) nos pênaltis
O herói da noite foi improvável: Léo, reserva
no início da partida, veterano e ídolo da torcida, conseguiu superar
suas limitações físicas: deu assistência para o gol de Alan Kardec no
tempo normal e ainda bateu o pênalti derradeiro, que colocou o Peixe na
semifinal.
E se o duelo das quartas de final já foi
complicado, a semifinal tem tudo para ser ainda mais difícil,
emocionante e histórica para o Peixe. O adversário será nada menos que o
Corinthians, seu grande rival.
E o jogo começou antes mesmo de a
bola rolar. Quando o sol ainda batia na areia das praias de Santos, o
assessor do Vélez resolveu fazer piada. Postou no Twitter uma mensagem
ironizando o enterro de Chico Formiga, ex-técnico santista.
Depois,
o funcionário do clube argentino pediu desculpas. Mas era tarde demais.
A piada de péssimo gosto invocou os craques santistas: a vingança
chegaria.
E, se a vingança é um prato que se come cru, o Peixe fez
jus ao ditado popular. Apesar de uma chance logo no primeiro minuto, em
cabeçada de Edu Dracena, o gol demorou para sair. E, aquilo que era uma
linda festa da torcida, virou um mar branco de tensão e nervosismo.
A
cada minuto que passava, olhos arregalados no grande duelo do jogo:
Neymar x Peruzzi. O craque santista, assim que tocava na bola,
encontrava o mesmo defensor argentino. O camisa 4 do Vélez, para
desespero dos santistas, era implacável, e o camisa 11 do Santos, pouco
criava.
Com a sua principal arma neutralizada, o Peixe tentava
encontrar alternativas para tentar assustar os argentinos. Na primeira
etapa, por incrível que pareça, um dos jogadores mais avançados do Peixe
era o lateral Juan. Mas, sem o cacoete de atacante, o camisa 16 passou a
irritar a torcida.
O nervosismo dos fãs com o jogo era evidente. E
prejudicial. Quando o goleiro Rafael se posicionava para bater o tiro
de meta, os torcedores exigiam reposição rápida. E a pressa, inimiga da
perfeição, passou a atrapalhar a equipe santista.
Mas quando o
jogo era mais nervoso e a equipe santista parecia longe de levar perigo,
Elano deu lançamento longo para Neymar. Quando, enfim, o camisa 11 saiu
da marcação de Peruzzi, ficou de cara com o goleiro, deu um drible e
foi derrubado, ainda fora da área. Resultado: goleiro expulso.
Na
cobrança da falta, Elano isolou. Mas, o breve momento em que Neymar
venceu Peruzzi já havia dado frutos ao Santos: a notícia de que, durante
todo o segundo tempo, teria um homem a mais para tentar a pressão sobre
o Vélez.
ISSO É LIBERTADORES!
E a
segunda etapa, além da emoção, mostrou logo de início que traria muitas
chances de gol para o Santos. Só nos primeiros minutos, Adriano e Elano
quase marcaram.
Mas o Vélez não deixava por menos. Nos
contra-ataques, os argentinos levavam perigo e pareciam que, a qualquer
momento, colocariam o Peixe em maus lençóis. Se marcassem, obrigariam os
santistas a marcar três vezes para passar à próxima fase.
E
Cabral, com um chute da altura do círculo central, quase fez história na
Vila Belmiro. Mais de 50 metros longe do gol, obrigou Rafael a
espalmar bola muito difícil e salvar o Peixe de um desastre.
Por
volta dos 20 minutos, o Santos conseguiu, enfim, emplacar a pressão. Mas
o Vélez, como podia, se segurava. Tirando forças até de onde não tinha,
o time argentino lutava contra os craques do Peixe e contra a torcida.
E
a superioridade que o caldeirão da Vila forneceu ao Peixe deu resultado
aos 32 minutos da segunda etapa. Com uma assistência do ídolo Léo, após
tabela com Ganso, o atacante Alan Kardec chutou colocado para abrir o
placar e levar a torcida ao delírio.
Mas o gol não garantiu
minutos tranquilos ao Santos. Lutando por mais um gol para evitar a
disputa por pênaltis, o estádio teve 15 minutos de êxtase e apreensão
até o juiz apitar o final de jogo e decretar as penalidades.
NOS PÊNALTIS, RAFAEL BRILHA E LÉO DECIDE
Nas
duas primeiras cobranças, Martinez e Alan Kardec (nesta ordem) marcaram
suas cobranças e, com o erro de Canteros, o Santos passou na frente do
placar. Ganso anotou o seu, Rafael pegou o pênalti de Papa, Elano jogou
longe sua "zica" nas penalidades e, enfim, Léo, iluminado, empurrou para
a rede a bola que decidiu o jogo. Deu Peixe!
FICHA TÉCNICA
SANTOS 1 (4) x (2) 0 VÉLEZ SARSFIELD (ARG)
Local: Vila Belmiro, em Santos (SP)
Data/Hora: 24/5/12 - 20h
Árbitro: Roberto Silvera (URU)
Assistentes: Mauricio Espinosa (URU) e Miguel A. Nievas (URU)
Renda/público: R$ 677.500,00 / 13.908 pagantes
Cartões amarelos: Alan Kardec, Neymar, Arouca e Adriano (SAN); Fernandez (VEL)
Cartão vermelho: Barovero (VEL)
Gol: Alan Kardec, 32'/2ºT (1-0)
SANTOS:
Rafael; Henrique (Maranhão, 39'/2ºT); Edu Dracena; Durval e Juan (Léo,
27'/2ºT); Adriano (Rentería, 19'/2ºT), Arouca, Elano e Paulo Henrique
Ganso; Neymar e Alan Kardec. Técnico: Muricy Ramalho.
VÉLEZ SARSFIELD (ARG):
Barovero; Peruzzi, Ortiz, Sebá Dominguez e Papa; Cubero, Fernández
(Canteros, 44'/2ºT), Zapata e Cabral; Juan Martínez e Óbolo (Montoya,
41'/1ºT). Técnico: Ricardo Gareca.