Sem duvida esse é um dos logradouros municipais mais bonitos do Pará. Projeto do arquiteto
Dr. José Sidrin. A pedra fundamental deu-se em 04 de novembro de 1925, tinha como mestre de obra o Sr.
Francisco José Marques.
Sua
inauguração aconteceu em 08 de dezembro de 1926, era governador do Pará
Dr. Dioniso Bentes e na administração municipal o intendente
Dr.Augusto Corrêa Pinto, que
esteve í frente da Prefeitura Municipal de Óbidos, durante doze anos,
nomeado pelo governador do Estado do Pará da época. No ornamento de sua
fachada são bossagens (parte da construção que ressai do prumo). Na
parte interior do Mercado, há cerca de 20 boxes, destinado ao retalho de
carnes e vísceras e outros para vendas de alimentação e pequenos
comércios.
Nos
boxes destinados ao comércio de carne, havia umas balanças, cujas
conchas eram sustentadas por duas pequenas hastes em alumínio que se
unem em cima a uma barra também de alumínio, esta por sua vez, está
presa a uma corrente fixa de uma aparente boca de um touro, cuja cabeça
em cobre esta na ponta de uma haste central. Eram peças raras, acredito
que uma dessas balanças encontram-se no museu de Óbidos.
Dos talhadores de carne que passaram por lá de minha época, conheci: Chico Preto, Velho Theodoro, Mario Ferreira, Luiz Batista, Sabá Bucheiro e Valdir Matos que comercializavam carnes e vísceras de bovinos. Já os senhores: Estrela, Cacetão, Sabá Cabeça e Rege comercializavam carne de suínos.
Havia um talhador, que por sinal era compadre de meu pai, com todo o respeito sem querer denegri-lo, ele tinha uma escrotocele
(hérnia escrotal) muito grande e a mesma o incomodava bastante; seus
fregueses sempre comentavam que quando se pedia que ele pesasse a carne,
antes dava uma ajeitadinha na dita hérnia e depois sem lavar as mãos
pegava na carne e colocava na balança. Acho que muito de nós comemos
dessa carne, porque não havia muita opção, o relacionamento com o
magarefe influenciava em uma melhor pesada de carne.
Agora acredito que
para todos os frequentadores do mercado dessa época, o que mais marcou
foi a venda de cartões na véspera para receber a carne no outro dia, que
era vendido no máximo dois quilos a cada pessoa. Lembro da distribuição
das filas em frente í sala da administração do logradouro, que fica no
canto que dá na Siqueira Campos com a Corrêa Pinto. Do lado da ladeira
eram os homens, lado do rio as mulheres, no meio a molecada. Era raro no
dia de vendas de cartões não ter "um pé de porrada" de moleques, que
naquela época havia venda de carne no máximo duas vezes por semana. Quando
os brigões se pegavam no braço, o Sr. Eleutério que trabalhava em um
dos box próximo, jogava aquela baciada com água nos valentões e haja
gozação.
Lembro-me de diversos
administradores que passaram por lá, sempre nomeados pelo prefeito, Sr.
Joãozinho Souza, Hélio Guimarães, Hélio Mouzinho, Nelson Souza e muitos
outros, era um cargo espinhoso.
Os vendedores de
Alimentos eram: Dona Ana Barata, Sr. Eleutério, Sr.Maruto, Sra. Ana
Arigó, Sra. Nair Torres, Sr.Jacy e pequenos comércios de frutas e
artigos regionais: o mais tradicional era o Sr. Abener, Sr.Oreste,
Famasa - Fábrica de Massas da Amazônia, (macarrão e bolachas) vendedor
era o Alonso filho do Sr.Luis Bode.
Na parte inferior do
Mercado, do lado esquerdo de frente para o Rio Amazonas era o bar do Sr.
Mario Torres e do lado direito tinha o comércio do Sr. Nerico, entre os
dois comércios tem uma escada com cerca de trinta degraus que é um dos
acessos ao mercado.
O Mercado ao longo de
sua existência, já passou por diversas reformas, mas nunca houve uma
reforma técnica, para restabelecer suas formas originais, a prefeitura
não tem recurso para tal, isso deveria ser feito por técnicos
especializados, a cargo do Patrimônio Histórico Paraense.
Hoje com as exigências
da inspeção sanitária, o mercado não está adequado para venda de
carnes, sem câmaras frigoríficas, balcões expositores refrigerados,
para manter e expor as carnes sob temperatura apropriada.
Sugeriria a
administração municipal, para que transformasse o mercado, em praça de
alimentação e vendas de artesanatos, modificando-se em local de turismo,
onde os obidenses e visitantes pudessem saborear comidas típicas,
lazer e fazer algumas compras.
Por Dino Priante