Em outubro, uma força-tarefa comandada pelo escritório regional da
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará
(Emater) no Médio Amazonas, reunindo diversas entidades públicas,
iniciará o cadastramento ambiental de pelo menos duas mil propriedades
da agricultura familiar de Monte Alegre. A iniciativa tem parceria da
Prefeitura, Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), Agência de
Defesa Agropecuária do Pará (Adepará) e Escola de Educação Tecnológica
do Estado do Pará (Etepa).
Ao longo dos próximos meses, três equipes com extensionistas da Emater e
alunos da Etepa, que atuarão como estagiários bolsistas, visitarão
produtores de feijão, mandioca, milho, limão e gado, entre outras
atividades, coletando dados sobre a situação socioeconômica e produtiva,
bem como geo-referenciando as propriedades. O trabalho resultará na
emissão de Cadastros Ambientais Rurais (CARs). “O CAR hoje não é só um
instrumento de regularização ambiental, mas também uma exigência dos
bancos para aprovarem crédito rural”, aponta o veterinário Alain Xavier,
supervisor regional da Emater.
De acordo com Xavier, Monte Alegre chegou a ser noticiado, em 2010,
como “o município mais desmatador do Brasil”: “Mas essa informação vinha
de um erro de análise estatística: estavam considerando uma soma
histórica, não a realidade do momento. Como a colonização aqui é bem
antiga, as propriedades foram se desenvolvendo sob métodos de produção
que naquela época migratória eram incentivados pelo governo, como o
nomadismo e queima de áreas. Isso provocou graves desmatamentos.
Entretanto, hoje os agricultores são conscientes, têm acesso a outras
tecnologias de cultivo e tomam a iniciativa de se regularizar”, explica.
Ainda em 2010, a repercussão da imprensa nacional em torno do suposto
recorde negativo de Monte Alegre motivou a assinatura de um Termo de
Ajuste de Conduta (TAC) do município com o Ministério Público Federal
(MPF) e a inclusão local no programa do governo estadual Municípios
Verdes. Ambas as diretrizes, por ora vigentes, recomendam metas de
cadastramento ambiental em torno de 80%, até o ano que vem. “Se
contarmos os CARs que a Emater já vem fazendo regularmente [350 estão
concluídos e há requerimento para outros 1.500], aqueles elaborados por
meios particulares para produtores de maior capacidade financeira e mais
o resultado da força-tarefa, vamos conseguir cumprir os prazos”, diz
Xavier. Fonte - Aline Miranda
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