(Foto: Janduari Simoes / Arquivo)
O prazo concedido pela Justiça para a empresa Equatorial Energia comprar
a Celpa havia expirado na segunda-feira, mas ontem, depois de
exaustivas negociações, o martelo foi batido. A Celpa, envolvida em um
processo de recuperação judicial e praticamente falida, foi comprada
pelo preço simbólico de R$ 1. Com o negócio, a Equatorial passa a ser
dona de 61,37% do capital social da Celpa, assumindo também 39,1 milhões
de ações de emissão da concessionária de energia elétrica. O contrato
de venda
foi assinada durante a tarde, no gabinete da juíza Maria Filomena
Buarque, por cujas mãos tramita o processo de recuperação. O preço
simbólico de R$ 1 tem uma explicação: a compradora assume todas as
dívidas da Celpa.
Se a transação não fosse
fechada, havia o risco de a Celpa sofrer intervenção do governo federal
em razão da dívida de R$ 3,5 bilhões que ela acumula junto a 1,2 mil
credores. Desse total, a Celpa deve ao Estado R$ 458 milhões somente de
Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) que desde que a
empresa entrou em crise financeira não eram repassados aos cofres públicos.
A direção da Celpa, por intermédio de
sua assessoria, informou que não iria se manifestar sobre a negociação.
Para ela, quem deveria falar é a compradora Equatorial. De qualquer
maneira, além de assumir a dívida bilionária de R$ 3, 5 bilhões, a
Equatorial já anunciou que irá investir R$ 1 bilhão a curto prazo na
empresa cuja maioria das ações agora são de sua propriedade.
“Era uma nau sem rumo, cheia de
problemas e pressionada por todos os lados por seus credores”, disse ao
Diário o administrador judicial da Celpa, advogado Mauro Santos. Ele
contou que a negociação para venda da empresa durou três horas e foi
“tensa”. A Equatorial assume o controle dentro de 45 dias, mas o
processo de recuperação judicial continua, devendo durar dois anos.
“Agora é que o meu trabalho começa”, resumiu Santos, informando que seu
papel, agora, será o de fiscalizar a atuação da Equatorial na
administração da Celpa enquanto durar o processo judicial.
GESTÃO
GESTÃO
A Celpa, que era estatal, foi vendida
há quatorze anos por R$ 450 milhões ao Grupo Rede, durante o governo
tucano de Almir Gabriel. Ela atende hoje a 1,8 milhão de residências em
todo o Estado. Durante a fase inicial de recuperação da empresa, o
Ministério Público chegou a divulgar nota técnica, criticando a situação
da concessionária.
Segundo o promotor Sávio Brabo,
titular da promotoria de Tutela das Fundações e Entidades de Interesse
Social, Falências e Recuperação Judicial e Extrajudicial, a crise em que
a Celpa mergulhou foi provocada pela má gestão empresarial.A Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e órgãos da área econômica do
governo devem se reunir nos próximos dias para analisar a venda da Celpa
e, possivelmente, aprová-la.
(Diário do Pará)
Nenhum comentário:
Postar um comentário