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sábado, 24 de agosto de 2013

Vale planeja vender as sua participação na MRN localizada no município de Oriximiná estado do Pará

A Vale planeja vender  participação de 40% na Mineração Rio do Norte (MRN), a maior produtora de bauxita do Brasil. Com essa operação, ainda em fase de estudos, a Vale sairá de vez do negócio de alumínio. Há alguns anos, a empresa vendeu a maioria de suas operações para a Norsk Hydro. O negócio envolveu empresas de mineração, refinaria de alumina (Alunorte) e fundição de alumínio (Albras). Na época, a Vale ficou com a MRN e com 22% do capital da Norsk Hidro. A MRN é um consórcio que tem como sócios Alcoa, Rio Tinto Alcan, BHP Billiton, Norsk e Votorantim, além da Vale. A MRN tem capacidade de produzir 16 milhões de toneladas por ano em Oriximiná (PA).



Fonte: 

Reportagem completa:


Prioridades da Vale: Minério de Ferro em Carajás e Carvão de Moçambique



Francisco Góes e Ivo Ribeiro (Valor, 17/07/13) informam que dois projetos de grande porte, com investimentos totais estimados em US$ 26 bilhões, vão permanecer no topo das prioridades da Vale nos próximos anos. No Brasil, após garantir a licença ambiental, a Vale vai se concentrar na implantação do projeto de minério de ferro batizado de S11D, em Carajás (PA), o maior da história da companhia, com investimentos de US$ 19,5 bilhões. No exterior, o foco é a expansão do negócio de carvão de Moatize, em Moçambique, com US$ 6,5 bilhões.
Não podemos ter distração, estamos focados nesses dois projetos de classe mundial“, disse ao Valor (17/07/13) o presidente da Vale, Murilo Ferreira. Ao mesmo tempo que prioriza essas duas áreas, a Vale continua com a venda de ativos não estratégicos, processo que começou há cerca de dois anos. “Existe um portfólio que aguarda o momento mais adequado para desinvestimentos“, disse. Na lista de ativos à venda, estão desde blocos de exploração de petróleo e gás até negócios no setor de alumínio. Mais um ativo aumentou essa lista.
A Vale planeja vender também participação de 40% na Mineração Rio do Norte (MRN), a maior produtora de bauxita do Brasil. Com essa operação, ainda em fase de estudos, a Vale sairá de vez do negócio de alumínio. Há alguns anos, a empresa vendeu a maioria de suas operações para a Norsk Hydro. O negócio envolveu empresas de mineração, refinaria de alumina (Alunorte) e fundição de alumínio (Albras). Na época, a Vale ficou com a MRN e com 22% do capital da Norsk Hidro. A MRN é um consórcio que tem como sócios Alcoa, Rio Tinto Alcan, BHP Billiton, Norsk e Votorantim, além da Vale. A MRN tem capacidade de produzir 16 milhões de toneladas por ano em Oriximiná (PA).
Outro desfecho importante para a companhia estava previsto para o fim do mês de julho de 2013, quando o conselho de administração da Vale deverá aprovar a entrada de três novos sócios na Valor da Logística Integrada (VLI), empresa de serviços ferroviários e portuários voltada para carga geral. A Vale tem 100% do capital da VLI, mas está disposta a vender até 70%, segundo admitiu Ferreira. Entre os novos sócios, estão dois grupos estrangeiros. Para ele, essa é uma sinalização importante quando muita gente tem dúvidas em relação ao Brasil.
Entre os projetos prioritários, está a duplicação do projeto de carvão de Moatize, com investimentos de US$ 2 bilhões e previsão de entrada em operação no segundo semestre de 2015. Moatize é ligado à modernização e à construção de ferrovia, o corredor Nacala, que atravessa o Malawi e exigirá investimentos de US$ 4,4 bilhões. Ferreira disse que essa ferrovia, prevista para entrar em operação em 2014, pode ser um veículo de desenvolvimento ao longo do trajeto de quase 900 quilômetros.
No Brasil, o desafio está em desenvolver o S11D, na Serra Sul de Carajás. O objetivo é executar o projeto no prazo e custos aprovados. No início do mês, a Vale obteve do Ibama a licença de instalação que permite o início das obras de construção da usina que vai processar o minério. O projeto é fundamental na estratégia de crescimento da Vale no Norte do país, onde já produz minério de qualidade a baixo custo. O desenvolvimento do S11D, previsto para começar a operar no segundo semestre de 2016, coincide com a discussão de um novo marco regulatório para o setor mineral no país.
O executivo considerou positivo o fato de o governo não ter batido o martelo sobre a nova alíquota do royalty para o minério de ferro no projeto de lei enviado ao Congresso. “Acho que foi sábia a decisão de deixar a alíquota aberta”, disse Ferreira. Afirmou que pequenas mineradoras podem ter uma condição de sobrevivência e de lucratividade com a incidência de 4% da Cfem sobre um preço do minério de ferro a US$ 200 por tonelada. “Mas 4% sobre um preço [do minério] a US$ 80 por tonelada muitas empresas não têm condições de pagar.” E acrescentou: “Para nós, é importante ter toda a indústria mineral no Brasil, empresas de pequeno, médio e grande porte, pois, se tiver um mercado reprimido, com poucos players, será ruim.”
O presidente da Vale mostrou-se tranquilo em relação às pendências enfrentadas pela empresa. Disse que a disputa dos royalties com o DNPM avançou muito e que continua confiante na discussão sobre tributação de controladas e coligadas no exterior, processo em andamento no Superior Tribunal de Justiça (STJ). “Continuamos crentes de que nossas teses prevalecerão.”
Ferreira também falou sobre as negociações envolvendo a compra da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). O executivo afirmou que houve muita especulação em relação à hipótese de a Vale fazer parte de um acordo em que cada sócio (Thyssen, CSN e a própria mineradora) ficaria com um terço da CSA. Ele confirmou que esse modelo foi objeto de estudos, mas observou: “De forma alguma isso prosperou.” Segundo ele, a Vale deu sua contribuição para o projeto da CSA. Isso significa que não tem planos de aumentar sua fatia acionária na siderúrgica.
A Valor da Logística Integrada (VLI), empresa controlada pela Vale, deverá passar a ter três novos sócios, dois deles estrangeiros, já a partir do fim deste mês. No dia 31 de julho, o conselho de administração da mineradora se reúne, no Rio, e deve bater o martelo sobre os novos acionistas da VLI, empresa focada na prestação de serviços para carga geral. A empresa nasce com um plano de negócios ambicioso, que prevê investimentos de cerca de R$ 9 bilhões em portos e ferrovias entre 2013 e 2017.
O presidente da Vale, Murilo Ferreira, confirmou a entrada de novos sócios na companhia de logística: “O tema vai ser decidido pelo conselho de administração da Vale no dia 31. Havia 12 interessados e está praticamente confirmado que teremos três novos acionistas na VLI”, afirmou. Ferreira não adiantou nomes dos novos sócios nem o percentual que a Vale vai vender, mas confirmou que o desenho deve levar a mineradora a tornar-se minoritária na VLI. A Vale havia sinalizado que poderia vender 50% ou mais do capital da VLI. Perguntado se essa fatia poderia chegar até 70%, Ferreira respondeu: “Pode acontecer.”
O executivo adiantou que entre os novos sócios há investidores financeiros e operadores logísticos, todos de longo prazo. O presidente da Vale confirmou ainda que na lista há dois estrangeiros. “É uma sinalização extraordinária porque são montantes [de investimento] elevados. São R$ 8,9 bilhões de investimento, sendo que já no início existem valores substanciais. Em época em que muita gente está com dúvidas sobre o Brasil, é uma sinalização positiva. E demonstra que há espaços que podem ser preenchidos com alta rentabilidade”, afirmou. O dinheiro da venda ficará parte no caixa da Vale, parte no da VLI.
Ferreira disse que nem a Vale nem a VLI deverão participar dos novos leilões de ferrovias. Segundo ele, a VLI precisa modernizar, mudar material rodante, fazer mais terminais e participar de novos portos. “O que ela [VLI] tem de ativos é suficiente para ter carteira de projetos atrativos”, disse. A VLI foi criada em 2011 e surgiu para atender a demanda de carga geral dos clientes que utilizam a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) e a Ferrovia Norte Sul (FNS), concessões originais da Vale. O plano da VLI inclui investimentos para ampliar a capacidade das ferrovias e aumentar a oferta dos serviços oferecidos aos usuários. Também estão previstos investimentos em portos e serão construídos novos terminais, no interior do país, ligados a ferrovias e portos, os quais vão atuar como “integradores” de carga.
O presidente da Vale, Murilo Ferreira, mantém otimismo com a economia chinesa, apesar das taxas menores de crescimento do PIB no segundo trimestre, divulgadas nesta semana. O país é o principal mercado da mineradora, para onde destina cerca de 50% de suas vendas de minério de ferro.
O executivo disse que, mesmo a siderurgia chinesa crescendo metade do que subia em anos recentes, isso vai exigir um consumo adicional de 40 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. “Hoje, a China é a segunda economia do mundo. Em um mundo em que os países desenvolvidos crescem pouco ou apresentam resultados negativos, ela cresce 7,5% ao ano. Não é pouco”. A seguir, os principais trechos da entrevista.
Valor: O cenário difícil da economia mundial preocupa a companhia em momento em que tem projetos de grande magnitude?
Murilo Ferreira: Os números da China mostram que, em bases anualizadas, o país está produzindo 780 milhões de toneladas de aço bruto em 2013. Isso significa um novo crescimento. Em 2012, foi cerca de 720 milhões de toneladas e, em 2011, tinha sido 683 milhões de toneladas. O cenário não é tão exuberante como nos anos recentes, mas é um cenário benigno. Não esqueçamos que a China, mas não só ela, e especialmente os países emergentes, têm déficit habitacional grande e precisam de infraestrutura. Portanto, a demanda por matéria-prima deve continuar crescendo, não em patamares tão elevados, mas ainda em níveis interessantes.
Valor: Os índices de produção industrial foram consistentes…
Ferreira: As pessoas estavam acostumadas com os números do passado. Por exemplo, em 2007 o PIB chinês subiu 14,5%. Hoje, a China é a segunda economia do mundo. Em um mundo em que os países desenvolvidos crescem pouco ou apresentam resultados negativos, a segunda economia do mundo cresce 7,5% ao ano. Temos que aplaudir.
Valor: E isso garante demanda futura para projetos de baixo custo, como é o caso do S11D, da Vale?
Ferreira: Aí acho que está a leitura míope que o mercado vem tendo. O mercado faz as contas de todo o suprimento, novos projetos, e esquece o que está acontecendo no lado de redução de oferta. Com um mercado tão demandante como tivemos nos últimos anos, há minas se exaurindo, perdendo qualidade. Estimamos que 40 milhões de toneladas anuais estão saindo do mercado pelo processo de exaustão. Há outra conta que o mercado precisa fazer. Se a China tem crescido na produção de aço 5,8% a 6% ao ano, e se crescer 3%, ou seja metade do que vinha crescendo, precisará de 40 milhões de toneladas anuais. Se somar esses dois fatores, chegamos a 80 milhões de toneladas por ano.
Valor: A seu ver, o mercado está sendo muito pessimista?
Ferreira: Acho que tem feito leitura extremamente agressiva, de inundação de minério de ferro. Mais uma vez, assim como foram feitas previsões nesse sentido, isso não acontecerá. Não estou dizendo que haverá a mesma escassez registrada em 2007, 2008 ou 2010, mas que o cenário continuará benigno, especialmente para as empresas mais competitivas, aquelas que apresentam custo baixo e material de alta qualidade.
Valor: A Vale continua com a meta de chegar a 2017 com 402 milhões de toneladas?
Ferreira: Sim.
Valor: O preço do minério deve continuar no patamar atual?
Ferreira: Acho que no futuro próximo vamos observar um intervalo de US$ 110 a US$ 140 por tonelada. Mas o mercado tem demonstrado que não suporta preço inferior a US$ 110 por tonelada, de forma consistente, porque diversas minas na China e em países novos no suprimento de minério de ferro possuem custo alto. A China em 2005 recebia minério de ferro de cerca de 20 países. Hoje, recebe de em torno de 58 países. Muitos foram estimulados a fornecer por força da alta de preços e escassez de matéria prima. Muitos desses vão sair.
Valor: Por quais razões?
Ferreira: Hoje, existe até exportação de minério de ferro dos Estados Unidos para a China. Muitos fornecedores em ambiente mais competitivo não vão continuar vendendo para a China. Acredito que nos próximos anos vão sobrar poucos desses 58 fornecedores para a China.
Valor: O intervalo de US$ 110 a US$ 140 por tonelada é para 2013?
Ferreira: Em setembro de 2012, o preço chegou abaixo de US$ 90 por tonelada. Em fevereiro foi a US$ 159 e, em junho, a US$ 111. Agora está a US$ 128 no mercado spot da China. O que tem havido é alta volatilidade.
Cotação do Minério de Ferro jan 2012-ago 2013 [Obs.: Contrariando projeções pessimistas dos últimos meses, o minério de ferro continua em trajetória de alta e atingiu, no dia 13/08/13, US$ 141,8 por tonelada no mercado à vista da China. Foi o maior preço desde 12 de março de 2013, quando a cotação estava em US$ 143,4 por tonelada. Os valores são do minério 62% Fe, que é a especificação mais usada como referência de preço.
O que vem sustentando a valorização da matéria-prima é a demanda firme das siderúrgicas chinesas, cujo crescimento vem surpreendendo o mercado. Ao mesmo tempo, indicadores positivos da economia da China, maior consumidor mundial do minério, contribuem para melhorar as expectativas de demanda.]
Valor: A China deve permanecer como maior cliente da Vale?
Ferreira: É natural. Se eles produzem 50% do aço mundial, que eles respondam por 50% do nosso mercado [da Vale].

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