O
paraense Alan Fonteles conseguiu superar o fenômeno Oscar Pistorius e
conquistou a medalha de ouro na final dos 200m da classe T44. O bronze ficou
com o americano Blake Leeper.
A
final da prova prometia um bom duelo. No sábado (1), Alan bateu o recorde
mundial na primeira bateria classificatória para a final dos 200m T44, com o
tempo de 21s88. Mas a alegria de Alan durou pouco, tudo por conta do novo
recorde estabelecido pelo sul-africano Oscar Pistorius que superou a marca do
brasileiro, cravando 21s30 na última bateria das eliminatórias.
Pistorius
também colocou Alan em uma polêmica, tudo por causa do aumento de cinco
centímetros nas próteses do paraense.
A prova
Neste
domingo, Pistorius largou na frente, mas o paraense, de apenas 20 anos, se
recuperou na reta final da prova e garantiu o lugar mais alto do pódio com
21s45 - 0s07 à frente do adversário.
"Queria
agradecer a todo mundo que torceu por mim, meu muito obrigado. Valeu família,
valeu namorada, valeu CPB. Foi treino, dei meu melhor nesses últimos quatro
anos, só tenho a agradecer a Deus", afirmou Fonteles.
Pistorius
saiu da pista visivelmente abalado. Falou pouco com os repórteres das emissoras
de TV e entrou na área reservada aos atletas. Somente depois de algum tempo
voltou para falar com a imprensa escrita e reclamou. "Não acho que foi
injusto. Ele (Fonteles) competiu respeitando as regras, mas é fato que antes
(da troca das próteses) ele não corria na casa dos 21 segundos e eu nunca vi
alguém tirar uma diferença nos oito metros finais como ele fez. Foi a minha
primeira derrota em uma disputa de medalha."
Além
de agradecer a Deus, à família e aos torcedores, Alan dedicou, em especial, seu
título para duas pessoas: o técnico Amauri Veríssimo e ao
"amigo-irmão" Yohansson do Nascimento. Depois teve de falar sobre
Pistorius. "Percebi que ele nem falou comigo antes da prova, só deu um oi
meio assim", contou o brasileiro. O velocista admitiu que ficou triste com
a reação de seu ídolo. "Eu quero ser amigo de todo mundo." No
entanto, o brasileiro defendeu seu resultado. "Eu estava dentro das
regras", disse em tom sério. "Ele (Pistorius) tem o recorde mundial,
mas o que vale no fim é quem chega primeiro."
O
coordenador de atletismo do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Ciro Winckler,
explicou a questão das próteses. Disse que Alan corria com o mesmo equipamento
desde que tinha 16 anos e foi pedido ao Comitê Paralímpico Internacional (CPI)
uma readequação do equipamento agora que o atleta completou 20 anos. Ele conta
que o tamanho da prótese é determinado pelo estudo do biotipo do atleta e o
resultado final foi de que Alan, que tinha 1,76 metro com o equipamento antigo,
poderia chegar até 1,85 metro. Mas optou por prótese que o deixa com 1,81
metro.
História de vida
Paraense
de Marabá, Alan teve as duas pernas amputadas quando tinha 21 dias de vida,
devido a uma sepsemia intestinal. Aos oito anos ele conheceu o atletismo. E
mesmo com próteses de madeira, não desistiu de seu sonho. Aos 15 anos ganhou
sua primeira prótese de fibra de carbono, e aos 16, em 2008, disputou as
Paralimpíadas de Pequim. Fã confesso de Oscar Pistorius, a quem derrotou neste
domingo, Alan ficou em sétimo nos 200m, enquanto o sul-africano levava o ouro.
O jovem voltou da China com uma medalha de prata no revezamento 4x100.
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